sábado, 6 de setembro de 2008

Todo dia ela faz tudo sempre igual....

7:00 da manhã.

O celular toca a música alegrinha de sempre: é hora de acordar. Já sinto aquele friozinho do dia que começa, escuto uns passarinhos efusivos cantando lá fora. Abro os olhos, encaro os números na tela do telefone esperando que o 7 se transforme em 5 e que eu ganhe mais duas horinhas de hibernação. É, não acontece.

Então eu pulo da cama sem me espreguiçar, por que eu tenho essa teoria de que se espreguiçar dá mais sono. Já ouvi dizer que fazer isso era importante, que era um segredo da natureza... que se você reparar bem, vê que nenhum animal acorda e levanta sem se espreguiçar antes. Blé, eu desafio as leis naturais, sou uma anarquista. Além do mais, se é pra imitar minha cachorra, vou começar correndo atrás de uma bolinha de meia ou perseguindo gatos, que me parece bem mais divertido.

Tá, daí eu começo a fuçar as roupas que - estratégicamente, claro - eu atirei ao chão, no dia anterior. Deve ter uma blusa ali. E um blusão também. E a minha calça jeans que já está com o cinto enfiado, pra me poupar trabalho e tal. O fato de estar tudo tão amassado e de parecer que eu passei a noite dentro da boca de uma vaca é só um detalhe sem importância, por que logo passaremos ao ápice da coisa: a hora de arrumar o cabelo.

Eu cortei ele recentemente. Está repicado. Um ótimo jeito de dizer que agora ele parece desarrumado, não importa o quanto eu arrume. Ah, e tem a franja que é um caso à parte: um lado não fica igual ao outro. E na umidade ela - que não trai o movimento, véi - volta às origens e começa a enrolar. Daí se formam dois loopings de cada lado da minha testa. Um Hopi Hari capilar. Analisando que a pior hora pra um cabelo é logo que se acorda, não preciso dizer que minha situação é crítica. Passo um pente e a despeito de parecer um cabrito montanhês, com belos chifrinhos emoldurando meu rosto, rumo ao banheiro. Missão: fazer xixi e escovar os dentes.

Até que essa parte transcorre sem maiores problemas. Se você não considerar a água fria da torneira e o assento gelado da privada um problema.

Uma olhada no relógio me diz que eu gastei 15 minutos no processo. Legal, isso quer dizer que eu ainda tenho o dobro de tempo pra cumprir a tarefa mais desafiadora do mundo, desde achar o padre voador: encontrar minhas meias.

Honestamente, eu não sei o que acontece aqui nesse quarto. Quer dizer, eu até sei: ele é uma zona, por que eu sou tão organizada quanto um menino de 13 anos. Mas deve haver algo a mais, como algum fator sobrenatural, um gnomo sem princípios, um fenômeno meteorológico do tipo "mini tornado"... sei lá. Me recuso a acreditar que é culpa minha o fato das minhas meias nunca estarem no mesmo lugar em que eu podia jurar tê- las jogado antes.

Embaixo da cama não tá. Atrás da escrivaninha não tá. Dentro do tênis não tá. Atrás da porta tem um pé do par branco. Do lado do armário tem um pé do par azul. O relógio ri com escárnio: 10 minutos pra chegar na estação e pegar o metrô, se não quiser me atrasar. Eu chamo por São Longuinho, prometo 10 POLICHINELOS se conseguir encontrar o par completo. Nada.... o suor começa a escorrer pelas minhas têmporas e, porra, isso vai deixar minha franja ainda pior. Respiro fundo e faço uma jogada arriscada: e se eu não usar meias? Hum, seria um movimento ousado já que meu all star tem um um pequeno problema em manter a sola presa ao resto do tênis. Isso sem falar no perigo do meu pé produzir algum tipo de gás letal após andar 40 minutos, sem meia, confinado num espaço minúsculo. É, não tem jeito. Preciso fazer o trabalho sujo: coloco um pé de cada par, rezo pra nenhuma eventualidade me arrancar o tênis em público e saio.

O dia começou e agora seja o que Kurt Cobain quiser.


... continua.

3 Comentários:

Blogger André disse...

O sumiço das meias é um fenômeno universal. Aqui em casa elas parecem imãs, nunca se encontra uma perto da outra.

6 de setembro de 2008 às 19:27  
Blogger Jabiraca disse...

SHOREY com o hopi hari capilar!! HAHAHAHAHAHA

7 de setembro de 2008 às 09:15  
Blogger Emi disse...

eu sou organizadérrima....mas meu cabelo me odeia ¬¬

8 de setembro de 2008 às 15:34  

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