sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Gerações

Tenho de entregar a minha crônica semanal, mas às vezes falta assunto. “Assunto sempre há” o leitor poderia rebater. Sim, é verdade, mas eu me refiro ao assunto desinteressante, ao assunto inútil e banal, que por isso mesmo acaba servindo melhor de entretenimento do que o fim da CPMF (que, aliás, todos devem saber, em nada irá mudar os nossos bolsos), por exemplo.

Pensei então em escrever sobre o conflito entre gerações. Como essa conversa é mais gasta que ombro de carregador da feira livre, imaginei que não fosse ter muito trabalho, era só colar um pedacinho de um aqui, mordiscar outra coisinha de outro e pronto, a crônica estaria feita. Mas foi aí que me dei conta de que estava enganado: se não quisesse soar como um sujeito que terminou o colégio há vinte anos falando sobre as ultimas novidades no campo genético, teria de me esforçar para pensar um pouco. Droga.

E foi pensando que vi que já me encontrava errado desde o início, afinal, cadê o tal conflito de gerações? Acabou, cara. Hoje as pessoas se encontram tão misturadas que é até difícil saber quem é o pai e quem é o filho, quem é a tia e quem é a sobrinha e, em casos mais extremos, quem é o namorado e quem é a namorada.

Ando bastante pelas ruas, pois é onde se pode encontrar os tipos mais interessantes de pessoas. E eu encontro. Dia desses, vi uma moça (não muito bonita, é verdade) trajando uma blusinha rosa curtíssima, um shortinho branco também curtíssimo e uma botinha alta, olhando uma vitrine. Era loira, aliás, loiríssima, do cabelo quase pálido. Só não entendi por que pintava as raízes de preto... Mas foi chegando mais perto que pude notar que ela não era tão moça assim. A blusinha não escondia a barriga digna de um homem casado há séculos e a pele enrugada e gasta pelo sol impedia qualquer tentativa que ela ousasse ter em mentir que tinha menos de cinqüenta anos.

É a ânsia pela juventude num mundo que não te permite envelhecer...

Isso inclusive me faz lembrar a história do Aluísio, aquele amigo nosso que toca violão clássico. Certa vez, após um concerto, o Aluísio recebeu os parabéns de um professor do colégio acompanhado por uma moça (essa sim, moça de verdade e bastante bonita). Homem que é, assim como você e eu, o Aluísio já pensou logo num modo de puxar conversa com a filha do professor. Só mais tarde foi descobrir que ela, na verdade, era a sua namorada.

Tô até vendo: daqui a uns dias vai ter pai pedindo pro filho levá-lo num show dos Klaxons.

E pra não dizer que tomei seu tempo em vão, aproveito pra deixar uma dica: não ouse passar a sua vida sem escutar Fake Plastic Trees do Radiohead num dia em que estiver muito bêbado. É uma experiência transcendental.

No mais, acabou. Beijos.

3 Comentários:

Blogger Chucko disse...

com certeza, mas existe muito conservadorismo.mesmo qque seja aquele convervadorismo hipocrita e tal.

14 de dezembro de 2007 às 04:58  
Blogger Unknown disse...

pow...

nem gostei de Radiohead!!

14 de dezembro de 2007 às 15:26  
Anonymous Anônimo disse...

"Fake Plastic Trees do Radiohead num dia em que estiver muito bêbado"



Eu ja fiz isso..mas ao som de "Creep"....

14 de dezembro de 2007 às 22:26  

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