quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Divago.

Existem três palavras nesse mundo que deveriam ser proibidas de serem ditas, a menos que o cidadão tivesse em mãos um atestado irrefutável, em três vias e oficializado pelo cartório local, que comprovasse a veracidade de cada uma delas.

Três palavras que, se ditas em vão, garantiriam pra quem as usasse uma passagem só de ida pro Quinto Círculo Infernal, sem escalas. Passíveis de excomunhão, mesmo.

Ainda, pegando pesado, digo mais: faladas ao acaso, causariam calvície, mal hálito, impotência E fariam o time da pessoa em questão ir, automáticamente, pra segunda divisão.

Essas pequenas, porém potentes, conjunções de sílabas deveriam ser manejadas com o cuidado de uma arma de fogo, como se pudessem matar alguém à qualquer momento. Aliás, vou mais longe e sugiro até a demanda de porte pra quem ousasse usá-las.

Um curso seria aplicado aos que se propusessem a repeti-las.
Causas e consequências desse ato seriam especifícados à exaustão. E na prova final, no derradeiro teste, o aspirante deveria mostrar - sem o menor resquício de dúvida - que havia aprendido e assimilado a responsabilidade que é dizer EU TE AMO, pra uma pessoa.

Culpe a banalização, a futilidade, a desesperada solidão, o governo, o El Niño, o que quiser.
O fato é que nunca foi tão fácil amar alguém, quanto nos dias atuais.

Colegas de trabalho se amam, amigos de escola se amam, nomes e fotos de Orkut se amam, quaisquer pessoas - em qualquer "balada" - se amam, emails no Outlook dizem que te amam, a Britney Spears ama.... o mundo virou hippie e ninguém nos avisou.

E quer saber?
Tanto amor assim é, sem o perdão da má palavra,.... uma bosta.
Complemento: uma grande e encorpada bosta.

Vejo ambientalistas tremendo dentro das suas cuecas biodegradáveis, com medo do aquecimento global, sem se darem conta de que a verdadeira tragédia do planeta não é o derretimento dos pólos ou a extinção do Coala Manco da Indonésia... e sim a morte do amor.

Mas por favor, caro leitor.
Que a última frase não soe poética.
Não visualize o amor se esvaindo ao som de Beethoven ou em doces palavras shakespearianas. Não glamourize a situação com belas canções ou poemas rimados.

A morte do amor é prosa seca e curta.
Sem floreios, pior que bula de remédio, ele morre e fim.

Aliás, já morreu.
O quê se vê por aí é, na esmagadora maioria, convenção e aparência.
Algum engraçadinho achou bonito e convencionou de bom grado amar o semelhante à torto e direito.

Afinal, por quê alguém só gostaria de uma pessoa que acabou de conhecer, quando - podendo amá-la loucamente - é muito mais fácil alcançar suas verdadeiras intenções?

Não queremos nós sermos insensíveis e frios, rechaçando quem nos ama.
Isso seria feio, contra as leis de etiqueta.... coisa que só o vilão da novela das oito faria. Então, se você me ama, eu te amo.

E vamos assim, amando desenfreadamente, maquiando a feiura da natureza humana.

Mas, admitamos ser instintiva a intolerância, só por um segundo.
Atiro eu a primeira pedra e confesso: não amo meu semelhante.
Aliás, porra, eu tenho é medo dele.

Meu realismo grita, feito o Bernardinho, palavras como "cuidado", "abre o olho", "fica esperta", sempre que alguém se aproxima de mim. Me torno arredia e desconfiada, mas obviamente disfarço tudo por trás de um sorriso simpático e diálogos amenos. Quase que uma princesa inglesa, se não fossem eventuais palavrões entre uma sentença e outra.

E isso gera, instantâneamente, uma reação no outro.
É quase Física ou Química, não dá pra controlar... ele precisa ultrapassar a barreira que ali se instalou.

E então, a comodidade da vida moderna, a mesma que nos levou a inventar coisas como o controle remoto e as pizzarias delivery, toma a cena:

"O amor... fale do amor!" - ela sussurra.

Ah, bendito atalho que corta o longo caminho até a conquista da confiança.

"Eu te amo. Agora podemos fazer qualquer coisa. Somos um, somos seres em estado superior, tomados pelo sublime sentimendo do amor. Por tanto, vamos logo com isso e faça o que eu quero."

Pronto.
Ditas as palavras mágicas, as pedras rolaram e o caminho está livre. Estou entregue, por que é isso que eu devo fazer, e indefesa como a mocinha dos filmes antigos.

Claramente, a verdade vem à tona, cedo ou tarde. Mas nessa hora, já não se pode fazer nada além de jurar nunca mais fazer de novo.

E aí está o último suspiro do amor verdadeiro.
Suspiro esse que vem, uníssono, à despedida da confiança.
Não acredito em mais ninguém.

Curioso.
Inusitado paradoxo que afoga o amor, nele mesmo.

Enfim, celebro o politicamente incorreto e acho preferível que odeiem intensamente, à amar com medíocridade. Talvez não viveríamos o paraíso, mas ao menos teríamos o direito de escolher nossas próprias provações.

E no fim, não é de provações que o verdadeiro amor é feito, mesmo?

5 Comentários:

Blogger Chucko disse...

e tem gente que se ama, ainda. vai entender esse povo.

13 de dezembro de 2007 às 12:07  
Blogger André disse...

The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return

[/moulin rouge]

13 de dezembro de 2007 às 18:11  
Blogger Dimi disse...

entendo... mas relaxa e goza, qdo possível. qdo estiver perto de virar pó, espero ter muitos "eu te amo"'s pra me lembrar.

14 de dezembro de 2007 às 00:54  
Blogger Unknown disse...

ééé... é foda!!

14 de dezembro de 2007 às 15:19  
Blogger Doll disse...

entendo... mas relaxa e goza, qdo possível. qdo estiver perto de virar pó, espero ter muitos "eu te amo"'s pra me lembrar. [2]

Tah eu ia ser original, mas ele disse tudo!!!

15 de dezembro de 2007 às 02:11  

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