quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Ascensão e Queda - Parte 2

Aldren pulou o pequeno muro e se escondeu nas sombras. Olhou os seguranças que guardam a propriedade da Irmandade correrem de um lado para o outro. Alguém havia disparado um tiro, dentro da casa. Alguém fora afobado e estragara o elemento surpresa deles. Alguém havia fodido tudo.

Sentiu uma delicada mão tocar na sua. Virou-se para encarar o rosto de Natasha e sua expressão tensa, preocupada. Ele aproximou seu rosto do dela, sussurrando palavras de amor e coragem. Jamais se esqueceu de quando trocaram o primeiro beijo, debaixo de uma leve garoa em um raro dia de sol. Continuaram se encontrando desde então, cada vez com mais freqüência, mas sem que os outros soubessem. Quando as discussões começaram, quando o sistema se esfacelou frente à ganância, Aldren pediu que ela o acompanhasse - sabia que, sem Natasha ao seu lado, jamais conseguiria.

Agora, escondidos, eles examinavam a situação: o grande número de seguranças dificultava a aproximação da casa, mas eles conheciam o lugar. Haviam locais escuros, atalhos escondidos... Era sua casa, e eles sabiam como entrar.

Aldren saiu de sua posição e deu a volta por trás do salão de festas. Natasha ia com ele. A área à frente era bem iluminada, mas algo do outro lado chamou a atenção dos seguranças: um tiro disparado da casa atingiu alguém perto do portão do lado norte. Os guarda-costas simplesmente saíram, deixando o caminho livre. Aldren nunca imaginou que ficaria contente pela incompetência deles.

Chegaram até a entrada da primeira garagem. Nenhum sinal de vida por ali. Cuidadosamente abriram a porta. Gritos e tiros vinham ao longe, e havia uma tensão quase palpável no ar. Os dois entraram na escuridão da garagem, de mãos dadas, a respiração quase sufocada pelo suspense, e caminharam com cuidado pelo chão. A ausência de som,luz e movimento não deixou eles perceberem que havia outra pessoa no local.

Os segundos se arrastavam. Quando finalmente encontraram o interruptor, alguém pulou para cima deles e atingiu Aldren na cabeça com uma coronhada. Natasha gritou e, em pânico, conseguiu acender as luzes. À sua frente, Marcelo sorria e apontava a arma para o atordoado Fundador.

- Te peguei, seu filho da puta!
- Marcelo, que é isso?! - Natasha não sabia o que fazer.
- Não te mexe, Natasha. - Marcelo nem olhava para ela - Esses merdas tão querendo desbancar a Emi. Depois de tudo que ela fez!
- Ele é... apaixonado... pela Emi. - Aldren aos poucos recobrava sua lucidez.
- Cala a boca, caralho, ou eu atiro.
- Cê sabe, né? - disse Aldren - Sabe que ela sempre foi apaixonada pelo Nelson. Pelo líder da outra família. Ela ia entregar tudo, e por isso nós resolvemos tomar o controle.
- Eu disse pra calar a boca, porra!!
- Ia entregar todo mundo, cara. Todos nós. Inclusive você.
- Vai se fuder, eu mandei calar a boca! Seu bosta, agora você vai ver...

Foi aí que Natasha se atirou nas pernas do seu inimigo, derrubando ele. Aldren aproveitou a oportunidade e partiu para cima. Marcelo conseguiu disparar o revólver, mas o tiro foi sem direção, acertando a parede. Logo ela foi tirada da sua mão, e ele estava subjugado. Quando a briga acabou, a primeira coisa que viu foi o cano de uma Desert Eagle .50. E a primeira coisa que fez foi engolir em seco.

- Cadê seu sorriso agora, Marcelo? - Aldren engatilhou a arma - Afinal, não vai querer ficar com uma carinha triste no funeral, né?
- Aldren, não... - Natasha chegou ao seu lado - Deixa ele vivo.
- Se eu deixar ele vivo, ele nos mata.
- Aldren, não precisa ser assim...
- Nesse mundo, não existe meio termo. É nós ou ele.
- Aldren, não precisa ser assim!
- Neste mundo, só vive aquele que tem coragem para matar.
- Aldren, por favor! Não precisa ser assim! Não desse jeito!

Ele virou para o lado, novamente encarando ela. Seus lindos olhos amendoados quase em lágrimas... Não havia nenhum motivo para deixar Marcelo vivo, exceto aqueles olhos. Talvez houvesse um futuro para os dois. Talvez ele pudesse sair desse jogo mais tarde, e viver com ela. Talvez ele pudesse ser salvo. E então, quando o horizonte se tornasse vermelho com seu sangue, não seria o diabo que viria reclamar sua alma.

Aldren deu um disparo em cada joelho, fazendo a vítima desmaiar de dor. Por um momento, divagou com as oportunidades de fugir, se libertar. O futuro parecia ao alcance, e pela primeira vez a estrada se abria à sua frente,convidando para uma viagem sem balas e sem vidas tomadas.

Mas não hoje. Hoje a noite cheirava a vingança. Seus irmãos estavam contando com ele, e questões familiares precisavam ser resolvidas. Hoje o encontro era com a incerteza. Ele puxou um cigarro e acendeu, sorvendo a fumaça com gosto. Natasha observou a cena.

- Aldren, isso ainda vai te matar. - disse ela.

Sorrindo de tal afirmação, Aldren engatilhou a arma e seguiu em frente, trilhando seu caminho até o diabo.

5 Comentários:

Blogger Chucko disse...

tiro no joelho. que mente fria e calculista a do aldren. a proposito, eu queria saber aonde é esse salao de festas.

23 de novembro de 2007 às 13:13  
Blogger Jabiraca disse...

me sensibilizei com a dor dos joelhos do batuta ai...

23 de novembro de 2007 às 19:19  
Blogger Carol disse...

hahaah o Fantástico mundo de André, é enquanto ele tá pensando se é para comprar a coca cola ou o Ketchup, passa no meio da decisão toda história contada aqui.

23 de novembro de 2007 às 21:38  
Blogger Aldren disse...

cara,muito bom!

isso tem qu ser vendido em hollywood

25 de novembro de 2007 às 04:27  
Blogger Doll disse...

*-*

25 de novembro de 2007 às 13:02  

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