domingo, 15 de junho de 2008

Ascensão e Queda - parte 6

Gotas de água continuavam desabando, cada vez mais forte. O agradável cheiro de grama molhada era suplantado pelo aroma seco de sangue. Dezenas de corpos jaziam pelo chão, como enfeites macabros de um lugar onde não existe o perdão. Fora da mansão, cinco irmãos pensavam e agiam com rapidez, buscando pagar seus votos de lealdade para com os companheiros. Dentro dela, a vingança preparava-se para jantar.

Gotas de suor caíam no chão enquanto a raiva e o medo tomavam conta de André. Raiva por ter deixado a situação chegar a um ponto que envolvesse a pessoa que ele mais ama no mundo. Medo porque se algo acontecesse, não saberia viver sem ela.

No meio disso, uma rixa que ultrapassou todos os limites. Uma guerra de ganância, de ambição, que tornava a cidade ainda mais podre e suja do que já era. Mas André só conseguia pensar nela. Sua vida havia sido um tortuoso caminho de traições e escolhas impossíveis. E justo quando ela apareceu e trouxe um pedaço do paraíso até o inferno, o destino novamente cravava uma faca em suas costas.

- Emi, não há saída. Não há escapatória pra ti. A guerra acabou, e nós vencemos. Sangue suficiente já foi derramado.

- Então, André, será mesmo? Vocês iniciaram a disputa, e agora vocês terminam? Isso não é um romance, nem sempre há um vencedor. Pode não haver mais saída pra mim, mas isso não significa que vocês não possam perder também. Rí.

- Deixa ela ir.

- Ah, toquei num nervo, não foi? Essa emoçãozinha chamada amor é tão previsível. Tu vai me deixar sair, André, ou então vai ter que pagar teus pecados sozinho pelo resto da vida.

Com um movimento cauteloso, Emi deu um passo para trás, em direção à porta. André apertou a arma, avaliando suas opções. O frio da chuva fazia a mansão parecer ainda mais desoladora. Como assombrações, os uivos do vento penetravam no silêncio aterrador do recinto. Emi deu outro passo. Unidos por um elo de tensão quase insuportável, os dois antagonistas mantinham-se calados. Não havia nada mais a ser dito, não havia mais acordos a serem feito. A noite seria como nos velhos tempos, onde o disparo dos revolveres falava mais alto do que palavras. Outro passo, e André puxou o tambor da arma. O tempo parou. O tic-tac do relógio agonizava as horas. Emi abriu os olhos, atenta, tentando descobrir no antigo amigo um blefe, uma indicação de fraqueza. André fechou os olhos por um segundo, tentando esvaziar sua mente de tudo que não fosse relevante na hora. Sentia a incerteza corroer seu coração. Outro passo. A respiração ofegante de ambos podia ser ouvida, mais alta do que a gargalhada do diabo, tão pesada quanto seus piores pesadelos. Mais um passo, e agora Emi podia ver o jardim lá fora se estender como um tapete. A saída estava perto, mas a salvação não. André segurou o cabo da arma com firmeza, esperando sua mão parar de tremer. Fez uma prece para um salvador no qual nunca acreditou. E contou baixinho até três.

O instinto de auto-preservação abandonou Tuxedo quando ele ouviu os disparos. Com Anselmo em seus calcanhares, o fundador iniciou uma corrida desenfreada pelos corredores da mansão. O ar da noite estava úmido. A lua, cheia. Noite de tragédia. Seguiu pelas salas com a arma em punho, desvencilhando-se dos móveis e de qualquer sentimento de hesitação. Viu fumaça saindo de uma das portas. Diminuiu ligeiramente o passo e, pronto para tudo, entrou.

- Meu Deus! O que houve?

Emi estava agachada perto da saída, o braço direito ensangüentado. A arma disparada jazia a alguns metros de distância, silenciosa. Os olhos de Tuxedo percorreram o salão. Do outro lado, Anne estava sentada no chão abraçando André. Uma pequena poça do maldito líquido vermelho indicava que alguém havia sido ferido.

- Foi... tudo muito rápido.. – Anne falou – A Emi tentou me puxar pela porta... e-eu me soltei e corri na direção do Dé. Ouvi um estalido seco, e achei... eu achei que... mas ele me abraçou e me protegeu, l-levando o tiro. P-peguei a arma e atirei no braço da Emi. Tuxedo, eu não sei se ele ta respirando!

Enquanto Gustavo e Mussum chegavam na sala, Anselmo pegou a arma no chão e começou a interrogar Emi. Aldren e Natasha estavam parados na porta, espantados com a cena. Um sentimento de apreensão tomou conta do lugar. Anne levantou a camiseta do homem que a salvou, mostrando o buraco feito pela mordida da bala. O sangue escorria em profusão. Ao virar o amigo, Tuxedo notou um pedaço de metal fervendo no chão. “Talvez o tiro tenha passado sem pegar em nenhum órgão”, pensou. “Talvez haja espaço nos nossos destinos para um pouco de sorte”. Os minutos de dúvida duraram uma eternidade, e foram rasgados com uma tosse seca, mas bem-vinda. E não é que a sorte favorece os bravos?

Aos poucos, André foi abrindo os olhos. Viu o rosto preocupado de Anne e esboçou um sorriso. Abraçou ela junto de si, com força, com carinho.

- Você salvou minha vida. – ela falou, com os olhos em lágrimas.

André sentou-se com dificuldade. Tossiu um pouco. Olhou para os olhos da pessoa mais importante do seu mundo.

- Anne... tu salvou minha vida todos os dias desde que nos conhecemos.

Lá fora, a chuva aumentou ainda mais, como se estivesse tentando lavar os pecados cometidos naquela noite sangrenta. O cansaço tomou conta de todos, mas a guerra estava vencida. Não haviam júbilos nem comemorações, apenas serenidade. Então Anselmo se aproximou. Calmo, juntou-se ao grupo. E disse:

- Guys.. acho que a gente tem um probleminha...

8 Comentários:

Blogger Anne Wine disse...

Uoooooooooooooooooooooooooooooooooooooou!!!!!!

Depois dessa, eu nem precisava ter lido as outras 5 partes pra achar foda. *_*

Vou até ali ficar emo e já volto.
S2

15 de junho de 2008 às 04:46  
Blogger Anne Wine disse...

Em tempo: eu atirei na Elvira.... huahuahuahuahaua!!

Sou má.

15 de junho de 2008 às 18:16  
Blogger Jabiraca disse...

A EMI MORREU??????????






NAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOO


ps.: quase chorei, juro. ABAFA

15 de junho de 2008 às 18:58  
Blogger Doll disse...

Meu, a gente tem que fazer um filme disso, muito foda!!!

Eu tb quase chorey *-*

Eu tb quero ser má porra ¬¬

16 de junho de 2008 às 09:37  
Anonymous Anônimo disse...

Primeiro: O Anselmo não vai em interrogar nunca, vai é me cantar féladamãe shaushauahauahaau.

Segundo: Eu não quero ser vilã porra! de onde tiraram isso? eu sou tão er...legal ¬¬

17 de junho de 2008 às 21:31  
Blogger Doll disse...

Tah, agora tem que continuar neh!

18 de junho de 2008 às 12:29  
Blogger André disse...

Eu continuo assim que descobrir como acabar a história... esse capítulo sofreu mudanças, no planejamento inicial ele era levemente diferente, agora tenho que acertar as coisas.

Devia ter matado todo mundo mesmo, dava menos trabalho.

20 de junho de 2008 às 12:52  
Anonymous Anônimo disse...

tabom, então me faça matar todo mundo a acabar como a fodona pô.

21 de junho de 2008 às 19:15  

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